sábado, 3 de setembro de 2016

Devir Social e sua aplicação na economia, parte 1 de 3

Diálogo com grandes pensamentos econômicos.

O Devir Social, em sua essência, é um movimento social que busca afirmar que quem cuida do ser humano é o próprio ser humano. Esta afirmação tem suas consequências para os diversos modelos econômicos vigentes atualmente no pensamento da maioria das pessoas. Portanto, este artigo tem como objetivo fazer um diálogo entre estes pensamentos e a afirmação aqui proposta de modo a elucidar como, na prática, o Devir Social pretende atuar. Antes de começar, contudo, é preciso lembrar que o Devir Social é um movimento que atua em conjunto com a democracia e o direito, como já explicado no manifesto constituinte.

Antes de continuar, contudo, é preciso explicar o porquê estes três princípios de geração do direito são tão importantes: eles foram construídos por pensadores, mas vividos pela sociedade. Foram construídos não somente no campo do pensamento, mas também no campo da prática. Portanto, quem tiver a coragem de ignorar estes princípios deverá saber muito bem o que está fazendo e as consequências de um sistema montado em seus novos princípios: ele terá de lidar com a morte, violência, suicídio, traição, roubo, falta da perspectiva de crescimento, doenças, mentiras, solidão, terrorismo, falta de alegria ou quaisquer outras anomalias que acontecem com o ser humano no campo sentimental, mas não no teórico.

A continuação destes três princípios geradores tem mais duzentos anos, pois foram instaurados na revolução francesa 1799. Portanto, eles já lidaram com muitas anomalias e mutações que ocorreram no sistema e ainda continuam fortes no direito de grandes sociedades do nosso mundo. Isto implica que se qualquer pessoa quiser sugerir outra ideia, não importa o quanto sua ideia faça sentido na cabeça dela, ela precisa fazer com que sua ideia cresça para que sua ideia seja validada pelo tempo e pela vida.  Somente assim aquela ideia será demonstrada forte o suficiente para ser assimilada por muitas pessoas ou pela entidade responsável pela continuação da sociedade. Portanto, o Devir Social fará pouco esforço quaisquer pensamentos que ignorem estes três.

Em especial, refutaremos os dois principais pensamentos econômicos vigentes na sociedade mais extremistas: o socialismo e o liberalismo. O primeiro diz que não existe deve existir propriedade e que tudo deve ser comum e organizado pelo governo. O segundo diz justamente o contrário, que a propriedade deve existir e que o governo deve ser mínimo ou inexistente. Em ambos os casos há claros ferimentos aos princípios explicados acima. O primeiro fere a liberdade, que instituiu o direito à propriedade como forma de estabelecer o senso de construção do individual na sociedade, e o segundo fere a fraternidade e a igualdade, que instituíram o direito aos impostos e ao acesso a níveis de bem-estar mínimos independente da renda social, respectivamente.

Em ambos os casos é possível notar que o governo e a propriedade são pautas de discussão. Isto não é à toa: são estas duas entidades os principais agentes econômicos atuais da nossa sociedade. Portanto, explicaremos agora qual a função social, segundo a visão do Devir Social, destas duas propriedades para facilitar a discussão no decorrer do texto. A função do governo é ser a principal entidade responsável pelo processo de continuação. Isto significa que ele irá olhar para toda a sociedade e atender as principais reivindicações para evitar que os seres humanos cheguem ao ponto de se tornarem destrutivos e violentos. Já a função social da propriedade é ser capaz de materializar o esforço do individuo de forma ordenada e justa, de modo que não seja necessário recorrer à violência para proteger aquilo que ele sente ser seu. A propriedade foi formalmente definida no direito através da revolução francesa, já mencionada anteriormente, através da luta da população contra aqueles que usurpavam o direito à propriedade que estava estabelecido apenas culturalmente. 

Percebam que em ambos os casos percorrermos pelo campo da sensação. Ambos os campos são violados por extremistas que afirmam que um ou outro modelo econômico deve ser adotado pela população, e essas violações não são acompanhadas por princípios tão ou mais fortes quanto aqueles que são violados. No caso do socialismo, a falta de função da propriedade é algo claramente visível, aonde se tem muito daquilo que, naquele momento e contexto, não é importante. No caso do liberalismo, existe a falta de garantias mínimas ao indivíduo de que, caso algo inesperado aconteça com ele, ele terá algum tipo de proteção.

A quem discordar disto: como se espera que uma pessoa que passou a vida toda fazendo uma coisa só se adapte tão bem a uma mudança de paradigma tecnológico e cultural ao ponto de, ainda sim, continuar produtivo economicamente? Que entidade vai dar, se não o governo, as garantias de que essa pessoa vai ter uma vida digna caso lhe ocorra um acidente? Ou o ser humano é isento a acidentes ou erros? Ou preferem que aqueles que não conseguem ser capazes de produzir economicamente comentam suicídio? Há liberalistas que chegam ao ponto de falar em justiça e aposentadoria privada: isto não seria utópico ou caro demais para ser implantado? No mais, entre estes sistemas, se não houver um central, quem irá resolver os possíveis casos de calote ou roubo que acontecerá entre eles? Há de se dizer que uma empresa que der calote em seus usuários nunca mais se reerguerá no mercado. Mas nem precisa: o calote foi o suficiente para que os seres humanos que nela atuam fiquem ricos e aqueles que foram prejudicados fiquem extremamente prejudicados.

Concluiremos o diálogo com estes dois modelos econômicos lembrando que, para o Devir Social, não existe melhor calibrador social que a democracia. Portanto, numa democracia que funciona, espera-se que a função social da propriedade e a atuação do governo estejam adequadamente reguladas às características histórias e geográficas daquele determinado estado ou país, que este regulamento seja feito através do voto, não da violência. Porém, o que ocorre atualmente no mundo não é um problema dos sistemas econômicos, não sendo, portanto, essa a principal pauta que devemos debater em um texto que se propõe a analisar os problemas sociais que ocorrem em um país. Nosso principal problema é a democracia que não funciona. Como pensar economicamente em um lugar aonde a democracia não funciona? Portanto, lembremos o principal objetivo do Devir Social: lembrar-nos que quem lida com seres humanos são seres humanos. Vamos agora à próxima parte destes artigos, que irá lidar com comportamentos mais específicos do nosso mercado atual

Postagem no face: https://www.facebook.com/DevirSocial/posts/544808799053480
Parte 2: http://devirsocial.blogspot.com.br/2016/09/devir-social-e-sua-aplicacao-na_3.html

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